27 de dezembro de 2011

XIV

A manhã chegou, o sol já tinha nascido e hoje estava cheio de força. Abri os olhos e esfreguei-os e o que vi logo foi o Ricardo, a dormir que nem um bebé. Comecei a beijar-lhe a cara e a fazer um risos tímidos, até que ele acordasse. Aqueles olhos azuis abriram-se, foi quase como uma flor a desabrochar. Olhou-me com uma admiração estupidamente inimaginável...

Ricardo: Bom dia, meu amor. - disse com uma voz enferrujada.
Joana: Bom dia ursinho da minha vida.
Ricardo: Logo bons elogios pela manhã.
Joana: É assim que se faz com que o dia valha a pena. - solto um largo sorriso.
Ricardo: Assim como? - disse, como se não tivesse percebido.
Joana: Acordar contigo envolvido em mim.
Ricardo: Foi só a primeira noite. - lançou um olhar de galã na minha direcção.
Joana: Nem penses que é todos os dias meu doido.
Ricardo: Pois logo vi, és fraca demais. Eu compreendo meu amor.
Joana: Eu dou-te a fraca. - disse enquanto me punha em cima dele fazendo-lhe cocegas. - Vá e agora vou tomar um banho e descer porque estou esfomeada.
Ricardo: Ainda é cedo Joana, são oito horas da manhã. Fica aqui comigo, só mais um bocadinho. - disse enquanto me agarrava para voltar para a cama.
Joana: Nem penses, assim é que se começa o dia bem cedinho. Deixa-me seu idiota.
Ricardo: Nãoooooo... - Disse como se fosse o último dia que lhe restava.
Joana: Bye bye lover.

Tomei o meu baninho, tomámos o pequeno-almoço juntos e depois fui fazer uma corrida matinal, afinal tenho de estar em forma. E "pumba", o tal rapaz da praia aparece-me à frente, vinha na mesmo bicicleta que o vira ontem tinha uma t-shirt estampada e uns calções de praia. O seu cabelo loiro acastanhado reluzia com a luz que o sol transmitia, e aqueles enormes olhos verdes centravam-se numa só coisa, em MIM.

Desconhecido: Olá.
Eu mantive-me sempre em silêncio , tentando ignorá-lo.
Desconhecido: Também és daquele tipo de pessoas que ouvem os conselhos dos pais e não falam com estranhos?
Joana: Sim, é exactamente isso. - disse continuando a tentar ignorar aqueles olhos.
Desconhecido: Não és boa a fazer isso.
Joana: Fazer o quê?
Desconhecido: Ignorar-me.
Joana: Olha... Deves-te achar o centro das atenções, não? - disse com um tom de voz mais alto do que o normal.
Desconhecido: Tenho a certeza que sim. - Fez um olhar de galã.
Joana: Desculpa lá, mas não costumo gostar desse tipo de pessoas.
Desconhecido: Que pena a minha não achas?
Joana: Sim sim, claro. - disse ignorando-o e continuando a correr.
Desconhecido: Já tomaste o pequeno-almoço?
Joana: Porquê? Estás com intenções de me levar a tomar o pequeno-almoço contigo? Esquece lá, fofinho.
Desconhecido: Óbvio que não, apenas queria-me certificar que comeste antes de fazeres exercício. - disse um pouco atrapalhado.
Joana: Interessas-te pela saúde de pessoas que nem sequer conheces é?
Desconhecido: É é, no futuro vou ser nutricionista.
Joana: Para além de doido e mal educado, ainda és mentiroso.
Desconhecido: Pois, mentir não é o meu forte. - disse ao mesmo tempo que soltava umas pequenas gargalhadas por entre as palavras.
Joana: Admite lá que me querias levar a tomar um galão ou umas torradinhas na primeira pastelaria que visses!
Desconhecido: Sim claro, era definitivamente o meu sonho.
Joana: Idiota. - disse enquanto aumentava de velocidade.
Desconhecido: Espera por mim.
Joana: Porque haveria eu de esperar por uma pessoa cujo o nome ainda não sei?
Desconhecido: Boa desculpa para saberes o meu nome.
Joana: Ok, és mesmo idiota. - voltei a aumentar a velocidade da minha corrida.
Desconhecido: Salvador. - disse quase sussurrando.
Joana: Disseste alguma coisa?
Desconhecido: O meu nome é Salvador.
Continua.