12 de janeiro de 2012

XIX

    « Dear Joana, (sabes que tenho as manias das línguas devido ao facto de estar a tirar um curso de línguas como tu tanto sabes, ou sabias) deves-te estar a perguntar o motivo desta carta. Acertei? Já te conheço demasiadamente bem para saber o que te vai na "alma". 
Simplesmente estava a arrumar a minha casa num dia melancólico e muito caloroso, em Lisboa quando encontrei algo perdido no meio das minhas revistas de desporto. À primeira vista parecia um pequeno papel dobrado aos bocados e sujo parecendo que já lá estava à séculos, talvez desde o século passado. Tinha uma cor amarelada e pelo menos cinco centímetros de dimensões. Ainda pensei que fosse um pequeno talão mas lembrei-me que coloco todos os talões, cartas e papelinhos desse tipo dentro do porta-luvas do carro. Tenho aquilo completamente a abarrotar de talões do Mc Donald's e da Ericeira Surf Shop, os meus grandes vícios como tu tanto sabes. Mas, não te escrevi para estar a falar dos meus vícios, nem mesmo dos talões insignificantes que guardo no carro. É realmente do que encontrei no meio da bagunça das revistas que costumam estar empilhadas perto da minha colecção de CD's . 
  Sei que foste de férias para a Zambujeira do Mar, a tua mãe disse-me, fui a Mafra antes de ontem e tive com os teus pais, por acaso. Ela disse-me que tinhas ido com a Sara e o T, espero que te divirtas aí e que penses em nós, pois disseste que falávamos daqui a uns dias e esperei até ver uma chamada tua ou uma mensagem e nada encontrei no meu telemóvel. Espero que o que encontrei e o que te vou mandar te faça mudar de ideias. Já é de algum tempo, onde as coisas não passavam de coisas insignificantes mas por outro lado que nos prendiam a quem mais gostávamos, e que talvez ainda gostemos. 
   Quero ainda dizer que todos os dias penso em ti, na nossa história como começou e como terminou. Ainda estou meu tonto com a maneira de como terminamos a nossa relação, sinceramente não percebi. Espero quando voltares dessas férias que possamos falar, já com as ideias bem defenidas, mas para isso pensei em mandar-te o " papel amarelado e dobrado aos bocados" para recordares dos bons momentos que passámos juntos, apesar de já teres muitos desses.
 Lembra-te de nós com este pequeno papel sujo e velho. 

Um grande beijo, Diogo Fonseca.  »



Com palavras tão sinceras pequenas gotas de água, chamadas lágrimas, escorreram-me pela face aos montes. Grandes momentos passaram pela minha memória enquanto lia a carta tão honesta que o Diogo me mandara. Em anexo, vinha uma pequena fotografia, velha e suja como ele disse mas é isso mesmo que dá a importância à fotografia. Éramos nós, tínhamos 14 anos e estávamos abraçados no tal banco de madeira onde eu terminei com ele. Foi nesse dia que começámos a namorar, foi dos melhores dias da minha vida até este mesmo momento, naquela altura tudo era verdadeiro e grandioso. Esta carta mexeu comigo...

Ricardo: Olá? Bom dia. - disse ao sair da porta de casa, eu nem pensei em mais nada escondi a carta atrás de mim.
Joana: Bom dia. - disse de um modo arrogante.
Ricardo: Podemos falar?
Joana: É mesmo isso que queres? É que temos muito que falar.
Ricardo: Pois, não dormi nada hoje à noite só de pensar no que aconteceu.
Joana: Ao menos tinhas uma cama só para ti, porquê que não aproveitas-te ao máximo? - fui outra vez arrogante.
Ricardo: Desculpa Joana, não devia ter fechado a porta, fui um idiota.
Joana: Podes crer que foste. - deixei-me apenas por pequenas palavras para não me exaltar.
Ricardo: Só que não me controlei e tu sabes disso.
Joana: Essas coisas comigo não funcionam, ou começas a controlar-te ou assim não vai resultar, por muito que me custe.
Ricardo: Prometo que não vai voltar a acontecer.
Joana: Espero bem Ricardo. - passo por ele e vou até à cozinha, sinceramente ainda estava um pouco magoada com ele.

 Passei a tarde toda enfiada no sofá a ver televisão e especialmente a pensar na carta. Mas que SORTE.

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