11 de janeiro de 2012

XVIII

  Estava uma noite quente, e a lua cheia sobressaia em volta das estrelas. Quando olhei através da janela para o céu, lembrei-me de uma noite em que tinha eu seis anos, a lua estava completamente igual. Mas, todos sabemos que isso é impossível...
Estávamos a passear e ao mesmo tempo a ir andando para uma discoteca, perto de uma praia e da vila andávamos num passeio enorme com pessoas a passar de sentido contrário ao nosso e no mesmo sentido. Crianças, adultos, adolescentes, mulheres e homens nunca antes visto por qualquer um de nós os quatro. Eu e o Ricardo estávamos de mãos dadas, enquanto a Sara e o T apenas seguiam em frente sem cruzarem os olhares. Custava-me ver a minha amiga sem conseguir fazer nada, sei que o seu receio é maior que a sua ousadia mas isso um dia terá que mudar, talvez amanhã ou então para a próxima semana, quem sabe? É incerto. Depois de vinte minutos a andar sem saber o destino - bem, o que aparecesse era onde entrávamos - encontrámos um grande edifício, devia ser um apartamento ou algo assim, mas no rés do chão, encontram-se umas grandes luzes fluorescentes a dizer  "Clube da Praia" , tinha umas paredes grafitadas com algo abstracto, mas ao mesmo tempo interessante. Da parte da frente tinha duas janelas pequenas e brancas. E na rua umas quantas cadeiras para quem quisesse ir fumar um cigarro à rua ou então para apenas descansar um pouco do ambiente que se encontrasse na discoteca às tantas da manhã.
  Na rua ainda estava um calor agradável, mas já eram 02:30 horas da manhã e decidimos entrar naquela discoteca, ainda se encontrava com um som ambiente e com imenso espaço para se movimentar, mas dali a trinta minutos aquilo iria encher e iria sentir que eramos umas sardinhas enlatadas. Tinha várias cadeiras e mesas para quem não quisesse dançar ou quem talvez preferisse beber um copo e ver as pessoas a dançar e divertirem-se. O Ricardo, o T e a Sara sentaram-se enquanto eu me dirigi ao balcão.

Joana: Boa noite. - disse para o empregado e ele disse igualmente a mesma coisa. - São 4 imperiais, se faz favor.
Empregado: Claro que sim. - respondeu-me ao mesmo tempo que ia tirando as cervejas. - Nunca te vi por aqui, estão de férias?

 Este rapaz não devia ter nenhuma vergonha, bem mas também já deve estar habituado com tanta gente que passa por aquele bar não há de admirar que se meta com toda a gente. Ele tem os cabelos castanhos claros com umas ondulações, parecendo as ondas que o mar faz quando está irritado. Uma cara oval, e um bronze que mete inveja a toda a gente com um tom de pele super branco. Os seus lábios eram carnudos fazendo lembrar os lábios da Angelina Jolie, mas um pouco mais pequenos. Quando falava a sua maçã de Adão oscilava, e os seus olhos tinham um brilho inexplicável fazendo com que os seus olhos castanhos comuns não sejam apenas uns olhos castanhos como tantos outros. Faziam e descreviam a sua personalidade, e foi por isso que lhe respondi, sem medo.

Joana: Sim, viemos para cá ontem de manhã. - solto um sorriso.
Empregado: Bem, espero que gostem de cá estar e se precisarem de algo podem vir ter comigo. Sou o Miguel. - dizia enquanto colocava os copos em cima do balcão.
Joana: Obrigada, eu sou a Joana. Ali, é o Ricardo, o Tiago mas tratam-lhe por T e a Sara. - apontava.
Miguel: Amanhã vou estar de folga, se quiserem apareçam aqui vou estar com uns amigos.
Joana: Claro que aparecemos, além disso ainda não fizemos nenhuns amigos. Eu iria adorar conhecer os teus amigos.
Miguel: Então pronto, amanhã encontrámo-nos aqui.
Joana: Sim. Quanto é? - disse tirando a carteira da mala.
Miguel: Fica na minha conta.
Joana: Nem penses nisso.
Miguel: Vá só desta vez. - sorriu.
Joana: Está bem, mas amanhã sou eu que pago. - pisco-lhe o olho e dirijo-me à mesa.
Sara: Era impressão minha ou estavas a falar com o empregado de mesa?
Joana: Estava, chama-se Miguel e convidou-nos para vir aqui amanhã  que ele está de folga e de certeza que nos vai mostrar as redondezas.
Ricardo: Tu nem conheces o gajo de lado nenhum.
Joana: Ó Ricardo menos, por favor.
T: Eu curto da ideia.
Joana: Vês Ricardo? Parece que és o único do contra.
Ricardo: Não gostei que estivesses ali a falar com um gajo que nem conheces de lado nenhum, desculpa lá. - faz uma cara de enjoado.
Joana: Isso são só ciúmes? Digo-te já que não gosto dessa cenas. - O T e a Sara manterão-se em silêncio.
Ricardo: Não, não são ciúmes.
Joana: Ok, eu vou até lá fora, preciso de apanhar um bocado de ar.

Saí porta a fora, e sentei-me naquelas cadeiras do passeio. Pelos visto também servem para apanhar um pouco de ar quando o ar dentro do bar já está a sufocar-nos. A quantidade de pessoas que passeavam pelo grande passeio tinha reduzido drasticamente, e apenas passavam pessoas de 2 em 2 minutos. Estava distraída a olhar para o luar que me colocava completamente fora de mim, pressenti que se chegavam perto de mim, olhei em frente e vi um rapaz alto a vir na minha direcção, não consegui definir bem a sua cara então continuei a olhar para ele. Era o Salvador...

Salvador: Sozinha? Numa noite desta? A tua amiga não veio contigo?
Joana: Está lá dentro. - tentei ignorá-lo.
Salvador: E posso fazer-te companhia? - sorriu energicamente.
Joana: Não. - disse de um modo rude.
Salvador: Porquê? 'Tás com medo?
Joana: Achas que tenho medo de um ratinho como tu?
Salvador: Olha que este ratinho pode meter-te medo.
Joana: Duvido que alguma vez tal coisa aconteça, lamento. - desisti de tentar ignorá-lo, era inevitável.
Salvador: Se tiver oportunidade, um dia irei mostrar-te algo que irás adorar.
Joana: O quê?
Salvador: É segredo.
Joana: Ok, também não quero saber! - na verdade queria saber, e muito.
Salvador: Tu é que perdes.
Joana: Mas já não me vais mostrar?
Salvador: Não sei, fica nas mãos da tua imaginação. - manda-me um olhar brilhante e sincero.
Joana: O quê?

O Ricardo aparece, e dirigi-se a mim.

Ricardo: Acho que vou embora. - olha para o Salvador. - Quem é este?
Joana: Não sei, ele parou aqui a atar os atacadores dos tenis e disse-me boa noite.
Ricardo: Mais um novo amigo? Parabéns Joana. - começa a afastar-se.
Joana: Ricardo, não é nada disso... - disse mas ele como se afastou nem ouviu.
Salvador: Ok, eu não percebi absolutamente nada do que se passou.
Joana: Era o meu namorado.
Salvador: O teu namorado? Pensei que fosses solteira. - disse agora com o olhar melancólico.
Joana: Pois, mas não sou. É desta que deixas de andar atrás de mim?
Salvador: Eu não ando atrás de ti, Joana. E mesmo que andasse não iria deixar de andar só porque tens namorado, não estava a fazer nada de mal.
Joana: Está bem.
Salvador: Porquê que não lhe contaste que nós já nos conhecíamos?
Joana: Olha Salvador, falamos noutro dia. Estou sem paciência, desculpa! - volto para dentro do bar. - Meninos eu vou embora, querem vir comigo?
Sara: Pensávamos que já tinhas ido com o Ricardo.
T: Ya, mas sendo assim vamos contigo. - eles levantaram-se e fomos em direcção a casa.

   Quando saímos do bar, acenei ao Miguel e quando cheguei até cá fora o Salvador já não estava lá. Tinha os pés doridos, sinceramente não estava habituada a andar de saltos altos. Durante o caminho de regresso a casa a Sara tentou perguntar-me o que tinha acontecido mas eu apenas disse que não queria responder a isso, então ela logo viu que foi um bocado para o sério. Quer dizer, foi sério demais para o Ricardo, mas também não devia de lhe ter mentido, enfim, o que está feito está mesmo feito e não há maneira de voltar atrás. Estávamos a chegar a casa e passámos pela casa do Salvador que ficava mesmo ao lado da nossa, não sei se vivia com os pais ou se estava de férias, ou então se vivia sozinho. Ou seja, eu não sei absolutamente nada dele além dele fazer bodyboard e de se chamar Salvador, não sei porquê que ainda continuo a falar com ele. Será porque me desperta interesse? Ou será porque ele de qualquer maneira com o seu palavreado me cativa? Serão questões que terei de discutir num dia em não terei nada para fazer ou estiver mais preguiçosa do que o habitual.
  Chegámos a casa, eu fui até à cozinha peguei numa caneca enchi-a de leite e bebi. Depois, dirigi-me até ao meu quarto mas por mais estranho que seja a porta estava trancada, « mas que grande birra.» disse quando vi que estava trancada. A Sara e  o T não pronunciaram nada, pois não se queriam meter nas nossas coisas então eu voltei para baixo. Peguei num cobertor e deitei-me no sofá a tentar adormecer, mesmo não tendo sono. As horas passaram-se e não consegui pregar olho, eram 07:00 horas da manhã e o sol estava a nascer, fui para o alpendre e sentei-me numa espreguiçadeira ver o nascer do sol, mesmo assim o meu sono ainda não aparecera. As horas continuaram a passar e ninguém de cá de casa tinha acordado, apenas eu que ficara acordada a noite inteira.
Estava descansada a olhar para o céu azul de uma segunda feira de manhã quando oiço um barulho de uma mota a aproximar-se da nossa casa, era o correio. O correio? Mas quem seria que ainda mandava cartas no século XXI? Provavelmente seriam os pais ou os avós do T, não sei. Mas além disso gosto da ideia da carta, faz-me lembrar os tempos antigos em que se falava por correspondência de cartas, é muito engraçado como as cartas hoje em dia já não têm quase nenhum uso. O carteiro afastou-se e eu levantei-me da espreguiçadeira e dirigi-me até à caixa do correio. Abri-o e vi uma pequena carta, tirei-a e vi a quem se dirigia. Tive uma grande surpresa, era para mim, normalmente quando me querem contactar ligam-me ou mandam-me uma mensagem pelo telemóvel ou pelo facebook ou até mesmo um e-mail, mas mesmo assim quem me mandara aquela carta deveria ter uma larga imaginação e criatividade. Vi o remetente e fiquei completamente perplexa, nem quis imaginar. A carta era do Diogo, o que será que está lá escrito?





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