3 de abril de 2012

XXIX

Comecei a sentir novamente aquela brisa marinha, já me sentia de novo em casa. E nesse preciso instante vi a nossa casinha que em tempos fomos felizes, a aproximar-se de mim. Sentia um nó no estômago, não sabia o que havia de lhe dizer, mas sabia que no momento certo diria tudo sem qualquer temor.

Sara: Oh Joana não queria nada vir.
Joana: Desculpa.
Ivan: Onde querem que pare o carro?
Joana: Perto do murro, se faz favor.
Cátia: Estou ansiosa para conhecer o pessoal.
Joana: Pooois.

Não vi ninguém, nem na rua, nem no alpendre. Absolutamente ninguém. Será que a Matilde ainda anda por estas bandas?, pensei.
O que mais queria era chegar novamente resolver as coisas com o Ricardo e continuar a divertir-me nas férias. Tinha levado a chave comigo, abri o portão e subi as escadas, coloquei a chave na fechadura e rodei-a a fim que abri-se a porta e assim se sucedeu.  A porta ao abrir rangeu e estava tudo num caos, loiça aos montes, os moveis, que eram poucos, tinham uma manta branca por cima, pó. Acho que ninguém estava em casa e se estavam provavelmente estavam a dormir. Não vi vestígios femininos ao decorrer todos os cantos da casa, por isso definitivamente tinha a certeza que a Matilde tinha ido embora.
O Ivan carregava as malas juntamente com a Cátia enquanto a Sara se deitou na espreguiçadeira para não ter que entrar em casa.  Subi as escadas para o 1º andar e deparei-me com uma folha em cima da nossa cama, peguei nela e li-a para mim.


«Joana quando vires isto quer dizer que ainda estás a tempo de me encontrar aqui, na Zambujeira.  Vem até à praia abandonada, lá estarei à tua espera.»


Desci a escadas rapidamente até chegar perto da Sara. Ela estava a dormir, mas eu queria lá saber, acordei-a com um berro.

Joana: Sara! - gritei.
Sara: Hã? O quê? Quando? Ele está cá? - estava a sonhar acordada.
Joana: Sara disseste alguma coisa ao Ricardo que vinha hoje?
Sara: Hum... - eu percebi logo que sim.
Ivan: Onde vais? - dirigiu-se a mim devido à minha corrida para a praia abandonada.
Joana: Onde o destino me leva.

   Continuei a correr, e as memórias chegaram-me novamente ao pensamento tudo nos últimos meses tinha sido repentino, sentia não estava preparada para o que me esperava. Finalmente abrira os olhos para a realidade e deparei-me com uma tenda montada na praia, provavelmente do Ricardo. Aproximei-me, abanei a tenda e chamei por ele mas não recebi resposta. Vim tarde de mais, pensei. Mas mesmo nesse instante ouvi um som, uma música jazz, vinha do mar. Lancei o meu olhar para o enorme mar que se entrava ainda longe de mim e fui atrás do som. Quando tive oportunidade de ver o que me esperava vi o Ricardo, com um saxofone e dentro de um barco. A minha vida estava prestes a mudar, isto vai-se tornar ainda mais sério.

Ricardo: Vamos?
Joana: Para onde? - estava sem reação.
Ricardo: Para onde a brisa, o mar e os nossos corações nos levarem. - lança um largo sorriso brilhante e sincero.



FIM da 1ª Parte.

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