22 de setembro de 2012

VI - Olha para o CÉU.

 

 Acordei pela madrugada, o sol ainda não tinha nascido. Olhei novamente para o tecto e todos aqueles pensamentos antes de dormir voltaram. O rugir da porta do quarto da Matilde actuou e ecoou pela cozinha-sala. É óbvio que os meus pensamentos se desviar perante aquele som ensurdecedor, era a Joana, movimentava-se para a pequena casa de banho. Mas, antes de abrir a porta da casa de banho olhou para trás e estava lá eu, no sofá, imóvel a olhá-la de alto a baixo. Encontrava-se apenas com roupa interior, como não é de estranhar fez-me sentir que estava num mundo irreal, fez-me pensar que aquela era a nossa casinha e que devido a uma discussão na noite anterior ela me metera a dormir no sofá e que segundos depois disto ela ia saltar para cima de mim e pedir-me desculpa por tudo o que acontecera na noite passada. Mas tudo não passou de um pensamento estúpido, nós encontramo-nos separados e continuaremos assim, o mundo real voltou e eu estava na casa da Matilde, a rapariga que está completamente "in love" por mim e como uma das suas amigas, a Joana, que eu estou completamente apaixonado por ela desde o verão passado.

Joana, estava também imóvel a olhar para mim. Os nossos olhares estavam em conflito.
- Talvez até tenhas razão, estou a ser ingénua. - abriu a porta da casa banho e em menos de um segundo a fechou para que eu não pudesse sequer tentar responder.
Ela estava a falar do Ricardo? , perguntei-me. Muito provavelmente, sim. , respondi-me. Isto é tão bom, só de pensar que  ela já está a ter noção do quão parva está a ser perante a situação que aconteceu. Eu não vou desistir dela.

 Alguns minutos depois, ela saiu da casa de banho. Voltou a olhar para mim de uma forma ainda mais intensa e foi para a varanda. Eu continuei no mesmo lugar, a pensar numa maneira de "conquistar" outra vez a Joana, depois de algum tempo de volta dessa ideia na cabeça surgiu-me algo que talvez possa resultar. Levanto-me muito apressadamente vou direito à minha grande mala dos escuteiros (sim, eu já fui escuteiro, quando tinha uns 7 anos), tiro de lá uns boxers lavados, uma t-shirt da Billabong, a minha patrocinadora, e uns calções da mesma marca. Fui à casa de banho, e dirigi-me novamente à sala, comecei a despir-me e a trocar de roupa sem reparar que a Joana estava na varanda completamente a olhar para mim.

- Acho que devias ter mais cuidado Salva, aliás, estás sozinho numa casa com duas raparigas. - ela provoca-me.
- O que é que tu viste? - disse com uma expressão facial preocupada, com os olhos arregalados e a boca aberta.
- Tudo. - ele ria-se.
-Tudo, tudo? - ela não respondeu,  foi para o quarto novamente. Eu feito parvo de boxers no meio da sala seguia o seu percurso até ao quarto com o olhar.

Bem, ok, se viu pronto viu. Ria-me por dentro com esta situação mas com a mesma pressa vesti-me e comi algo na cozinha, lembrei-me que para conseguir fazer aquilo que pensei precisava de ir vasculhar a agenda da Matilde. Procurei na mesinha no hall de entrada e BINGO, estava lá a agenda. Fui à letra J, e tirei o numero de telemóvel da Joana. Deixei tudo como estava peguei no meu BlackBerry, vi as horas e eram 08:30 da manhã. Sai e fui ao destino desejado. A Joana vai ficar sem reação possível, disse para mim depois de tratar de tudo. Peguei no meu telemóvel e escrevi uma mensagem, claro para a Joana " Lembraste do que aconteceu hoje quando estavas na varanda? Se lá voltares agora e esperares uns minutos terás uma nova surpresa e esta até pode ser mais agradável :p Beijo, Salvador." Carreguei na tecla enviar e corri para casa para ver a sua reação com os meus próprios olhos. Depois de muito esforço porque onde tinha ido não era propriamente perto consegui chegar a tempo fiquei no outro lado da estrada para conseguir vê-la, lá estava ela na varanda do 2º andar.

- Estás completamente sem fôlego, isso deve-se à surpresa?
- Pode-se dizer que ficar sem fôlego vai compensar. - sorri desajeitadamente para ela.
- E então? A surpresa vai-se dar conosco assim? Separados?
- Separados só por agora. - mantínhamos uma conversa no meio da rua, ela na varanda e eu no passeio. Já se ouvia o som da surpresa.
- E onde anda a surpresa? Ou não existe nenhuma surpresa? - estava ansiosa.
- Está a chegar.
- Então Salvador? - e também estava a desesperar. - Não me faças perder tempo. - e também um pouco rude.
- Olha para o CÉU e cala-te. - disse com um sorriso contagiante e super confiante.

Continua.

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